terça-feira, 8 de março de 2011

Sobre o Perdão


O Perdão.

“Desde os tempos remotos, o perdão está associado à redenção do homem.” 
Os judeus sacrificavam cordeiros para receber em troca à piedade divina. Também abandonavam bodes no deserto, acreditando que os animais levariam com eles os pecados (daí o termo bode expiatório), isentando os homens de culpa. Os cananitas (antigos habitantes da atual Palestina) usavam o sacrifício humano para obter a piedade dos deuses. Na Etiópia, membros de tribos realizavam cerimônias em que vomitavam para que suas maldades fossem expelidas e eles pudessem obter o perdão dos deuses.

Jesus Cristo na cruz é o símbolo máximo do perdão no Ocidente, a "prova" de que Deus perdoou os homens pelos atos que cometeram. "A partir daí, caberia a todo homem perdoar o próximo para que -só assim- pudesse obter o perdão divino", segundo pesquisa do teólogo e psicoterapeuta Zenon Lotufo.

Na homilia do Papa João Paulo II pelo dia do perdão do Ano Santo de 2000, ele cita que o perdão é a "purificação da memória". Citando ainda que Cristo, o Santo, embora sendo absolutamente sem pecado, aceita tomar sobre si os nossos pecados. Aceita para nos remir, aceita assumir os nossos pecados, para  cumprir  a  missão  recebida  do Pai, que - como escreve o evangelista João - "amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n'Ele crer... tenha a vida eterna" (3, 16).

“PERDOAR... É o modo mais sublime de crescer. E pedir perdão... É o modo mais sublime de se levantar”.

Sem o perdão, a humanidade pára, estanca, petrifica-se. "O perdão é uma necessidade absoluta para a continuidade da existência humana", escreveu o bispo africano Desmond Tutu.

Pelo menos 50 pesquisas estão sendo realizadas atualmente, como parte de um programa chamado Campanha para a Pesquisa do Perdão.

"O perdão é um recurso psicológico e social que regula as relações humanas."  É ele que permite que um casamento não acabe e que uma amizade tenha continuidade depois de um conflito, por exemplo, ou que as relações de trabalho sobrevivam em meio aos desentendimentos que costumam ocorrer em ambiente profissional.

A medicina não recomenda viver amargurado, com rancor ou raiva contidos. Procurar minimizar o sofrimento - e isso vale tanto para quem toma a iniciativa de pedir perdão como para quem perdoa - é uma forma de proteger a saúde. "Se a pessoa acumula sentimentos negativos, pode desencadear uma série de transtornos não só psicológicos, mas físicos também", diz o psiquiatra José Atílio Bombana, da Unifesp. Por isso os médicos questionam a respeito do estado emocional do paciente -e devem fazer isso ativamente, diz José Antônio Atta, chefe do ambulatório do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Se a pessoa consegue se livrar de um sentimento negativo crônico, com certeza isso pode acelerar sua recuperação", diz ele.

Entre as doenças relacionadas a falta do perdão estão a Depressão, Dor de cabeça, dores musculares (principalmente nas costas), fibromialgia, gastrites e úlceras, problemas cardiovasculares, como hipertensão, Problemas intestinais, como síndrome do intestino irritável,  problemas de memória,  problemas de pele, como urticária, queda na imunidade, todas as doenças alérgicas, como asma e vertigem.

Fontes: José Roberto Leite, coordenador da Unidade de Medicina Comportamental da Unifesp, e José Antônio Atta, chefe do Ambulatório de Clínica Geral do Hospital das Clínicas.